É possível fazer o salvamento de uma fístula arteriovenosa.
A fístula arteriovenosa confeccionada para pacientes em diálise pode ocluir. Mas, o que isso significa? Em linhas gerais, oclusão significa entupimento. Quando isso ocorre, o fluxo de sangue é interrompido na fístula e isso impossibilita a troca sanguínea entre o paciente e a máquina de hemodiálise, responsável pela filtragem do sangue em pacientes com doença renal crônica em hemodiálise.
A oclusão de uma fístula arteriovenosa em pacientes renais não é algo incomum para a medicina e sua desobstrução é um procedimento cirúrgico que, hoje, possui altas taxas de sucesso. Feita por um médico cirurgião vascular, a desobstrução da fístula arteriovenosa é um procedimento urgente que garante a continuidade da hemodiálise de diversos pacientes renais
Entenda a estenose
Antes de abordarmos a oclusão da fístula arteriovenosa em si, precisamos identificar e entender a estenose. A estenose é o nome clínico dado ao estreitamento ou constrição de um duto ou passagem. A oclusão de uma fístula arteriovenosa ocorre, geralmente, em decorrência de uma estenose, seja de uma artéria ou veia.
A estenose é o estreitamento progressivo de uma veia/artéria e suas causas são variadas. Alguns exemplos de causas de estenose são: coágulos, hiperplasia miointimal - que nada mais é que a cicatrização do próprio organismo exacerbada -, locais de estreitamento da anatomia ao redor da veia do próprio paciente, trauma repetido, entre outros. Como as causas da estenose são muitas, é importante avaliar cada paciente, uma vez que esses estreitamentos podem levar a oclusão da fístula.
Máquina de hemodiálise é sua aliada
Com a ocorrência de uma estenose, a sua fístula arteriovenosa pode ser afetada e a máquina de hemodiálise é grande aliada na identificação dessa possível estenose. Esse tipo de equipamento, além de filtrar o sangue do paciente renal, consegue monitorar outras nuances, como o fluxo e pressão venosa.
Ao identificar alterações no fluxo, a máquina de hemodiálise passa a alertar, por meio de sons, que há algo errado. Esses avisos precisam de monitoramento e, caso se tornem constantes, há grande indicativo de que existe uma estenose e a saúde do paciente renal ganha um novo estado de atenção, com a necessidade de um cirurgião vascular ser procurado.
Outro ponto a ser observado por quem tem fístula arteriovenosa é a diminuição do “pulsar do sangue” no frêmito. Com a confecção de uma fístula arteriovenosa, os pacientes renais conseguem perceber de forma bem destacada o fluxo sanguíneo mais rápido e turbulento que passa pela região, gerando a vibração que chamamos de frêmito. O frêmito presente indica o funcionamento correto da fístula e sua redução é sinal de que algo está errado, com grandes chances de ocorrer a oclusão da fístula arteriovenosa.
Como desobstruir uma estenose e uma fístula arteriovenosa
Pode não parecer, mas a evolução médica nos últimos 10 anos praticamente alterou por completo a taxa de sucesso dos procedimentos de desobstrução de fístulas. Antes, as cirurgias eram complexas, demoradas, com grandes cortes e sem uma garantia real de que poderiam resolver a situação. Já hoje, isso mudou.
O avanço tecnológico, o tratamento endovascular (por dentro das artérias e veias, sem necessidade de grandes cortes) e do conhecimento médico sobre essas obstruções mudou a realidade de quem desenvolve uma estenose ou uma oclusão em uma fístula arteriovenosa para hemodiálise. Importante destacar que ambos os casos carecem de atenção de um médico cirurgião vascular para sua resolução.
Quando uma oclusão de fístula artériovenosa é identificada, seja ela na artéria ou na veia, geralmente usa-se um tratamento endovascular para regularizar o fluxo sanguíneo. O procedimento mais comum é a angioplastia, uma técnica endovascular que consiste em dilatar a área afetada com o uso de cateter, um balão e/ou um stent. Esse balão é introduzido e inflado, a veia é dilatada e o stent é colocado, se necessário, para manter a veia aberta e evitar que ela se feche novamente. Esse é um procedimento realizado em ambiente hospitalar, geralmente com anestesia local e sedação. Em alguns casos, o paciente pode deixar o hospital no mesmo dia do procedimento.
Além das técnicas endovasculares, em casos específicos podem ser utilizadas técnicas híbridas (aberta e endovascular), como ocorre em correção de aneurismas, no qual se faz a ressecção do aneurisma aberto e a correção da estenose que gerou o aneurisma, por meio de procedimento endovascular. Tanto em estenoses diversas como na própria desobstrução da fístula arteriovenosa, as técnicas utilizadas são as mesmas, com alto índice de salvamento da fístula e de resolução da estenose.
Contudo, é preciso alertar que é imprescindível a identificação precoce da estenose/oclusão da fístula, principalmente em pacientes renais que precisam de hemodiálise, uma vez que o sucesso do procedimento depende de alguns fatores, como: de quanto tempo a fístula passou ocluída, do tamanho da trombose e do porquê ocluiu.
Sintomas de oclusão de uma fístula arteriovenosa
Além dos avisos que a máquina de hemodiálise pode dar e da identificação de alterações no frêmito, outros sinais podem indicar alguma alteração na fístula: inchaços do braço, mudança de coloração na pele das mãos, dor local, vermelhidão no trajeto da veia, crescimento de aneurismas e veia endurecida, por exemplo.
Quando a fístula arteriovenosa realmente oclui, não é mais possível sentir frêmito ou puncionar de maneira que se consiga fazer a hemodiálise. O paciente é, então, encaminhado direto ao pronto socorro para um procedimento de urgência.
Portanto, fica o alerta: o melhor é sempre prevenir. Se você já possui uma fístula, busque um acompanhamento regular de um médico vascular, seja para acompanhar sua hemodiálise (se possível) ou para avaliar a fístula rotineiramente. Monitorar sua saúde vascular é garantir que sua vida em diálise será mais tranquila e confortável.
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