Entenda mais sobre o aneurisma nas fístulas arteriovenosas
Importante deixar claro que não é normal um aneurisma em fístula arteriovenosa. Contudo, o aneurisma de fístula arteriovenosa – FAV é uma das complicações mais frequentes em pacientes que utilizam FAV para hemodiálise. Nesse texto, vamos abordar algumas informações importantes para a compreensão do que é o aneurisma de fístula arteriovenosa, como evitá-lo e como corrigi-lo.
Como é formado o aneurisma
De início, é importante deixar registrado que o aneurisma é definido como uma dilatação segmentar da veia, e não de toda a veia. A formação de aneurismas em fístulas arteriovenosas geralmente decorre de um enfraquecimento da parede venosa, com a subsequente dilatação dessa parede. O próprio turbilhonamento do sangue causado por uma curva na veia, por uma estenose na veia ou simplesmente pelo aumento do volume de sangue progressivo que passa pela veia pode causar aumento da pressão na parede desse ponto da veia gerando os aneurismas.
O mais comum é o aneurisma ser decorrente de uma estenose central, devido ao uso prolongado de cateter. O cateter, com o tempo, causa uma lesão na veia em que está encostado. Essa lesão se transforma em estenose. A estenose central reduz o fluxo do sangue que passa. Assim, o sangue da fístula fica retido, represado na veia da fístula, gerando aumento da pressão venosa e a dilatação e, como consequência, o aneurisma.
As repetidas punções e uma eventual alteração na cicatrização local também são fatores que podem gerar essa complicação. Importante destacar que, além do aneurisma, as complicações mais frequentes encontradas nas FAV’s são: trombose, infecção e estenose.
Cirurgia Vascular corrige o aneurisma na FAV
Como já observado no texto Minha fístula arteriovenosa ocluiu. E agora? e em outros textos aqui no blog, o acompanhamento regular, feito por um médico cirurgião vascular, é recomendado para que se identifique alterações na fístula arteriovenosa, em seus estágios iniciais. Por isso, ao menor sinal de alteração na região da fístula, como dor, mudança de cor na pele, crescimento de parte da veia desproporcional ao restante da fístula, endurecimento da veia, maior pulsatilidade, redução do frêmito ou até mesmo oscilações de pressão na máquina, uma consulta com um médico vascular se faz necessário.
O aneurisma, quando identificado, na maioria das vezes precisa de intervenção cirúrgica para que seja tratado. Ele pode ser corrigido com uma cirurgia aberta, com a ressecção do excesso de veia e da pele fragilizada sobre o aneurisma. Dependendo da fístula, sem necessidade de implante de cateter e com a utilização da fístula para hemodiálise desde o primeiro pós-operatório. Aneurismas com o tempo podem crescer e romper, causando grande risco de morte para o paciente.
Contudo, não fica apenas nisso. Importante destacar que, quando identificado um aneurisma, deve-se corrigir também a estenose/oclusão que provavelmente o originou. Ou seja, são duas correções a serem feitas.
Pseudoaneurisma
Destaco ainda que não existe aneurisma de prótese, até porque o tecido da prótese não dilata. Se sua fístula arteriovenosa com prótese apresenta uma dilatação, isso é conhecido por ser um pseudoaneurisma. No pseudoaneurisma, a prótese rompe naquele determinado ponto e o sangue passa a correr fora da prótese. O sangue acaba contido apenas pela pele do paciente e isso provoca o aumento do tamanho local. Os pseudoaneurismas podem ser causados, principalmente, por trauma (impacto na prótese ou problemas na punção) ou por infecção da prótese de PTFE. O pseudoaneurisma geralmente cresce mais rápido que o aneurisma. Portanto, tem um risco bem maior de romper. Ele deve ser tratado o mais rápido possível.
Em qualquer um dos casos, seja de aneurisma ou pseudoaneurisma, temos situações de urgência que precisam de atenção do médico cirurgião vascular. A identificação dessas situações, em seus estágios iniciais, é imprescindível para correção do problema e salvamento da fístula arteriovenosa e da vida do paciente renal. Portanto, muita atenção a qualquer mudança de comportamento da fístula arteriovenosa; dores localizadas, mudança de coloração na pele e avisos sonoros frequentes nas máquinas de hemodiálise durante a diálise (importante indicativo de alteração de pressão e possível estenose). Todas essas situações são indicativos de que algo pode estar ocorrendo, sendo necessário uma avaliação médica especializada.
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